Recentemente, estive conversando com algumas pessoas próximas e amigos "abroad" sobre morar fora do Brasil. A principal motivação para este questionário informal certamente foram minhas conversas com os meninos do trabalho recem regressados do CSF, e totalmente empolgados com a vida funcional e com mais "facilidades" que se leva fora do Brasil.
Estes estudantes tem um perfil fácil de determinar: quando voltam querem morar sozinhos, não se (re)adaptam a vida no Brasil (mais especificamente na Bahia), querem loucamente ganhar dinheiro... para poder sair daqui.
Sim... sair daqui! Esta é a solução! Cair fora já!
Porque?
Porque aqui não tem segurança, porque o transporte público é ruim, porque o custo de vida é muito caro e porque o trabalho paga mal.
Sim, sob certo ponto de vista eu concordo com eles.
Atualmente o Brasil paga um preço por algumas arbitrariedades administrativas e um destes preços é o elevado custo de vida. A conta do brasileiro ficou muito cara, e os sinais começaram ainda em meados de 2014.2. Este ano está terrível, sem dúvidas: só para citar um mero exemplo, 30% da minha conta de luz é imposto e taxa. De fato, um absurdo. Outra coisa que tem onerado bastante são as compras do dia a dia... o bom e velho mercado. Tudo está muito caro de fato, mas fico me perguntando até que ponto estes meninos, que ainda estudam e moram com os pais em sua maioria (deixo aqui claro que não são todos!) conseguem entender estes valores já que boa parte não paga as contas. Principalmente estas contas. Mas enfim. Devem sentir outros custos, como o preço da gasolina, do estacionamento do shopping, do cinema, do lanche, do almoço.
A segurança na Bahia está péssima! Muitos assaltos, delinquencia, roubos. Isso realmente é incontestável, assim como o transporte público. Não dá!
Aqui no Brasil até já visitei locais onde o transporte de massa funciona (de alguma forma), mas aqui na Bahia, que só contamos com o tal do buzú: escasso, lotado, nada pontualos engarrafamentos longos e invetiáveis, numca cidade que virou um canteiro de obras.
Recentemente um estudante conversava comigo que um de seus colegas foi para Europa e "sobrevivia bem com 600 euros e ainda juntou dinheiro e viajou pra cara$%#". Aí eu fiz várias observações:
1) Ele não morava sozinho: compartilhava o apartamento;
2) Ele trabalhava por lá (ou fazia estágio), o que ajudava na renda;
3) Quantas refeições ele fazia por dia? Qual era o tipo da refeição? Perguntei isto porque sei que o custo da carne por lá é bem alto e também não é muito comum. As frutas também não são muito baratas e a opção acaba sendo mesmo os chineses.
4) As viagens pela Europa são comuns e tem um custo muito baixo reltivamente falando, porque existem os trens como opção para diversos trechos no mesmo país e até mesmo fora dele. Além disso, existem muitas cias aéreas low cost, o que facilita tudo.
Ouvi coisas interessantes, como por exemplo dizer que uma família com 4 pessoas sobrevive bem com 800 euros, incluindo moradia, alimentação e educação. Em moedas de hoje, isso dá uns R$2,800 arredondados. E aí eu acho que não! Meu sensor me diz que tem alguma coisa errada nesta conta.
"Flávia, a tendência mundial agora é esta!"
A minha resposta foi uma pergunta:
"Você acha que se isto for realmente uma tendência mundial, que os países não vão criar uma barreira com relação a esta imigração?"
É um assunto que dá muito pano pra manga, mas eu acho que devemos passar por estas experiências de uma forma menos apaixonada e inclinada à mudança como solução.
Uma destas pessoas que mora fora daqui me escreveu: "Aqui é mais fácil do ponto de vista prático. Difícil é romper os laços e criar novos" e aí talvez haja a real sinceridade.