"Farinha pouca, meu pirão primeiro".
Meu avô ainda completava: "se a cama é estreita, o meu lugar é no meio".
Quebro hoje o meu jejum de palavras escritas, porque tive necessidade. Tive necessidade de me expressar, ou melhor de desabafar um pouco. Muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, mas o que mais chama a minha atenção é a falta de "percepção" da figura do outro.
Quem quer saber? Para que saber? Que história é essa de outro?
Há uns 15 anos atrás, eu achava que já tinha feito todas as amizades verdadeiras que teria. Bem, por sorte eu estava enganada. Mas quem acha que foram muitos os promovidos, se engana. Foram poucos e hoje se tornam pouquíssimos.
Quem quer saber dos seus problemas? Para que, não é?
Tinha um chefe que sempre me dizia: "Flávia, cada qual com seus problemas!"
Então, se é assim, se ninguém quer saber dos meus problemas e eu tenho tantos, talvez os meus diminuam se eu deixar de me importar com os outros. Talvez os meus problemas diminuam se eu parar de dar atenção as pessoas. Confesso que propositadamente os telefonemas diminuiram bastante. No começo foi parte de um teste, como aqueles experimentos da NASA: "vou deixar de ligar essa semana e verei quantos me ligam". Tolinha! Ao notar que os telefonemas não aconteceram, resolvi aumentar o tempo para um mês, e dois e três, até que: PIMBA! Não liguei mais para ninguém! E ninguém me ligou também. Parece que a coisa do telefonema não fez falta de qualquer forma.
Ora, mas uma relação se faz com um par, e alguém tem que ter a iniciativa. Eu concordo. Mas a minha pergunta é: porque sempre eu a dar o primeiro passo? E se eu não quiser? E se eu estiver cansada e desestimulada?
Neste caso, temos um impasse!
"Ah, você está numa fase sensível!" Pode ser! Mas tenho plena convicção que isso não me torna uma embotada mental. Percebo as coisas no meu dia a dia: trabalho, colegas, amigos, família. Percebo as ausências de telefonemas, de notícias. Percebo os interesses pessoais. Percebo muito e confesso que as percepções nem sempre são boas.
"Poxa, mas você nem me disse nada!" Será que precisaria eu dizer se você realmente estivesse perto? Eu tenho mesmo que te ligar para compartilhar problemas? Porque a gente não se fala para compartilhar alegrias? Sendo um pouco nerd, porque será que ninguém tem mais tempo de fazer o broadcast da boa e velha pergunta: "tudo bem com você?".
Bem, como eu parei de telefonar, seguindo a tal experiência da NASA, as coisas pararam de acontecer. E porque? "Não sei. Só sei que é assim!"
O negócio hoje é "tuitar". É publicar até o ato de fazer cocô online! Alguém telefonava para outra pessoa para dizer que ia fazer cocô?? Não me recordo!
Então, se você quiser notícias minhas, veja o meu twitter.
É mole?
Bom, acho que vou voltar ao meu jejum. Ele está sendo extremamente importante nessa fase "espelho".
3 comentários:
Fauzinha,
A cada dia eu percebo tudo isso que você relatou. Isso tem sido recorrente no nosso cotidiano. Infelizmente as pessoas estão cada dia mais conectadas e desligadas de contatos verdadeiramente pessoais. Já reparou que recebemos a cada ano um número menor de ligações nos aniversários? Mas nossa página do orkut fica cheinha de recados...
É...esse contato está cada dia mais virtual, e perdemos muita intimidade nisso tudo :(. Para mim, ouvir a voz faz uma diferença tremenda..., e o contato físico é sem igual, mas confesso que também me permito, muitas vezes, a seguir essa "onda" do cotidiano, e uso das mesmas táticas virtuais para manter a maioria dos meus contatos. No final do ano passado refleti muito sobre isso, e coloquei como meta desse ano buscar estar presente "fisicamente" na vida de todas as pessoas que quero a presença.
E nem preciso nem dizer né, mas vou repetir: Você é uma grande amiga que quero muito essa presença!!!! Bjãooooooooooooo e fica com Deus
Ô Dan!
Você é uma querida! Amiga mesmo... a gente se diverte, a gente compartilha dores, tristezas, alegrias.
Te amo, cara!
:-)
Cai aqui por acaso, e gostei muito da maneira que escreve, do fato como olha pra vida.
Me identifiquei, gostei muito do seu blog, parabéns!
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